Prêmio Trip Transformadores 2018

  • Trip Transformadores 2018
  • Produção: Academia de Filmes
  • Dir. Pedro Urizzi

1 Sueli Carneiro

A filósofa e doutora em educação Sueli Carneiro não tolera violência contra a mulher, desigualdade de gênero, racismo e nenhum tipo de discriminação.
Escolhida para receber o Prêmio Trip Transformadores, ela fez de sua indignação sua luta. Ao lado de outras nove mulheres negras, fundou do instituto Geledés, organização que nasceu há exatos 30 anos, para evidenciar a exclusão que mulheres negras sofrem na sociedade.

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2 Júlio Lancellotti

Mais do que padre, teólogo e pedagogo, Júlio Lancellotti é militante de direitos humanos. O que se vê na Paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca, é uma síntese do que tem sido sua vida nas últimas três décadas: tentar cuidar, olhar, ouvir, acolher e ajudar o povo da rua, dos presídios, dos abrigos e ocupações. Nas missas, fiéis dividem os bancos e o coro com tipos mais heterogêneos e, aos poucos, mais pessoas vão chegando, dentro e fora da igreja. Principalmente fora, onde moradores de rua demonstram seu carinho ao padre, homenageado pelo Trip Transformadores 2018, e buscam roupas, principalmente agasalhos, sapatos, cuecas, alimentos, cobertores e o que mais puderem ter.
Em 1991, Júlio Lancellotti inaugurou a primeira unidade da Casa Vida, para acolher e cuidar de crianças que nasciam HIV positivas. O projeto era uma resposta ao Estatuto da Criança e do Adolescente, criado em 1990, que propõe o abrigo para crianças em pequenas casas, em número reduzido, em um formato mais próximo da vida familiar. Hoje, tanto a unidade I (para crianças de 0 a 6 anos) quanto a Casa Vida II (de 7 a 15 anos) se tornaram abrigos comuns, o que representa um certo avanço: é resultado do baixo índice de crianças que nascem soropositivas.

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3 Sebastião de Oliveira

Sebastião de Oliveira é a criatura criadora, o cérebro e o coração da Associação Miratus de Badminton, uma entidade não governamental e sem fins lucrativos que promove o desenvolvimento social de crianças e jovens por meio da educação e do esporte. “Me inspirei no tráfico de drogas para criar a Miratus. O tráfico oferece capacitação,  qualificação e uma seleção ímpar.
Enxerga as nossas crianças e dá oportunidades. Que empresa eficiente! Já o governo, quando enxerga nossos filhos, entra com polícia para dar tiro, pra matar”, conta. Hoje, 18 anos após sua criação, a Miratus conta com mais de 200 crianças e jovens frequentando o espaço diariamente.
Na tentativa de otimizar o ensino do esporte, Sebastião também desenvolveu um método próprio de treinamento, o Bamon. O que ajuda a garotada a treinar os movimentos do esporte são batidas de samba, em melodias que ele mesmo criou e gravou. A quadra torna-se um palco, com jovens e crianças à partir dos 3 anos motivados e concentrados, em uma espécie de dança esportiva.
Sebastião morou dos sete aos 18 anos em um abrigo de menores, mesmo não sendo órfão, tampouco criminoso. Foi na convivência com menores infratores, drogas e todo o tipo de malandragem, que surgiu o desejo de ser um verdadeiro guia para outros jovens.

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4 Valdeci Ferreira

O mineiro Valdeci Ferreira, homenageado pelo Trip Transformadores 2018, não é o criador, mas é o cara que tem disseminado Brasil adentro – e afora – a metodologia que transforma o preso em recuperando. Ele é o grande
disseminador das Apacs pelo Brasil e pelo mundo (já são 49 Apacs no Brasil e aplicação parcial da metodologia em 23 países), um tipo de prisão
humanizada que tem revolucionado – e o potencial de revolucionar – o
sistema carcerário no Brasil e no mundo, com seus baixos índices de reincidência (20 a 25%), baixo custo per capta (um terço do valor do sistema
comum) e ausência da polícia.

 

5 Ricky Ribeiro

O que aconteceu com o Ricky Ribeiro é difícil de acreditar. Em 2008, recém chegado de dois mestrados em Barcelona, o administrador tinha se mudado
para Recife, onde trabalhava para a multinacional EY (antiga Ernst & Young).
Foi quando recebeu o diagnóstico: ele estava com ELA, Esclerose Lateral Amiotrófica, a mesma doença do físico Stephen Hawking. Gradativamente, Ricky foi perdendo os movimentos e a capacidade de falar e respirar por conta própria. Hoje, 10 anos depois, imóvel sobre uma cama, ele comanda o Mobilize Brasil, o maior portal brasileiro de conteúdo exclusivo sobre Mobilidade Urbana Sustentável, que já realizou estudos e campanhas importantes que geraram, inclusive, uma transformação na estrutura das cidades. A Avenida Paulista aberta aos domingos, por exemplo, foi uma luta de diferentes organizações, entre elas o Mobilize.

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6 Lázaro Ramos

Lázaro Ramos é um cara que todo mundo conhece. No caminho de barco até a ilha onde foi gravado o documentário para o Trip Transformadores, Lázaro contou sobre os projetos que toca atualmente, como o espetáculo infantil Viagens da caixa mágica, inspirado em seus dois livros infantis, e o Ler é Poder, programa de ações de incentivo à leitura por meio de ampliação e modernização de bibliotecas públicas. Esse, sim, um Lázaro que o grande público desconhece. Todo esse envolvimento rendeu a ele, em 2009, o título de embaixador da Unicef e uma movimentada agenda de compromissos relacionados ; educação e infância.

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7 Lucinha Araújo

A rotina preenchida de Lucinha Araújo é reflexo de um vazio que foi aberto em sua vida há 28 anos, com a morte precoce do seu único filho, o cantor Cazuza, vítima da AIDS aos 32 anos. Três meses depois do acontecido, ela fundou a Sociedade Viva Cazuza, que desde 1990 já atendeu e acolheu 213 crianças. Atualmente vivem na sociedade 18 crianças, nem todas soropositivas, reflexo de uma época em que a prevenção a AIDS foi mais efetiva. A Viva Cazuza também oferece um programa de adesão ao tratamento para adultos soropositivos, em que os participantes vão à sociedade toda quarta-feira provar que estão se tratando adequadamente e, em troca, ganham cesta básica.

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8 Luiz Chacon Filho

Neto de um importante pesquisador do Instituto Butantã e filho de um empresário de sucesso, Luiz Chacon Filho na década de 90 começou a trabalhar em um laboratório de biotecnologia e se apaixonou pela técnica, que faz uso de ciência viva para trazer soluções de forma natural e sustentável.
Há 22 anos, inspirado nessa experiência, ele fundou a SuperBAC, empresa de biotecnologia que através do isolamento de bactérias úteis e benéficas à natureza identifica uma forma inovadora e sustentável de resolver questões da vida doméstica, empresarial e industrial. Por meio de diferentes tipos de produtos e tratamentos, as bactérias tornam-se as responsáveis por tratar desde o mau cheiro no ralo do banheiro e o entupimento da pia da cozinha até a fertilização do campo. Tudo isso com zero impacto ambiental.

 

9 Gabriela Manssur

Em 15 anos de carreira, Gabriela Manssur criou projetos que possibilitaram
maior efetividade e alcance da Lei Maria da Penha, como o Tem Saída, para reinserir a mulher vítima de agressão no mercado de trabalho dando autonomia financeira, e o Tempo de Despertar, cujo pioneirismo está no alvo da ação: o homem agressor que está sendo processado. Com didatismo e precisão, ela explica o que faz um promotor, “ele é um fiscal da lei, um garantidor dos direitos sociais”, e como é lidar com histórias tão cruéis e pesadas de mulheres vítimas de agressão, uma realidade tão distante da dela… “Não é uma realidade distante da minha. Não é!”, interrompe séria.

 

10 Danilo Zampronio

O que Danilo Zampronio faz, quase ninguém faz. E do jeito que ele faz, ninguém nunca fez no Brasil. Aos 26 anos, o paulistano tem no currículo a USP de São Carlos e uma coleção de perrengues que vêm da luta pela ciência pé no chão. Danilo é físico biomolecular e um dos fundadores da LOTAN, start-up de pesquisa de biotecnologia focada em agricultura, que desenvolve pesticidas sustentáveis de alta eficiência e zero impacto a seres humanos e outros organismos. O diferencial dessa tecnologia é que ela é extremamente específica, atinge apenas as pragas que atacam as plantações.
Danilo conta que o foco de atuação da empresa surgiu da consciência da realidade social do país, da convicção de que a pesquisa no Brasil tem que ser mais valorizada e da frustração de ver o buraco negro que separa teoria e prática na carreira acadêmica. Segundo ele, a ciência nunca deveria perder de vista um tripé de perguntas simples, mas essenciais: por que, para quem, e para que estamos fazendo essa pesquisa? Ele é o mais novo homenageado do Prêmio Trip Transformadores 2018.

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